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Foto do escritorNEIVA ALVES RIBEIRO

Dietas


O tema dietas é intrigante, ao mesmo tempo é tão debatido. Fazer dieta parece ser um tormento para alguns e uma forma de ganhar dinheiro para outros. Temos no mercado uma infindável oferta de dietas, pílulas que prometem emagrecimento rápido e tantos outros tratamentos para emagrecer.

A bem da verdade o consumo inadequado dos alimentos está ligado aos transtornos alimentares e quando necessitamos fazer uma dieta é porque estamos comendo demais e não raro, já termos desenvolvido outras patologias, do tipo diabetes, problemas cardíacos e tantos outros que vão exigir, mesmo que não estejamos inclinados a parar de comer, que o façamos, em prol da saúde e até mesmo da sobrevivência.

Mas como se explica que parar de comer pode ser qualidade de vida, se comer é tão bom e ao mesmo tempo, proporciona a vida. A todo momento somos bombardeados com comerciais que nos mostram barras de chocolate, balas, doces, bolos e tantas guloseimas que dão água na boca. Andando pelas ruas é fácil encontrar belas confeitarias e suas vitrines, bem dispostas, cheias de salgadinhos e docinhos maravilhosos. Desta forma o apelo para comer é imenso, tornando-se quase impossível resistir ao deleite de alimentos com muito açúcar que se tornam, muitas vezes, a escolha por uma alimentação inadequada que irá contribuir com níveis elevados de glicose no sangue.

No nosso primeiro contato com o mundo, lá estamos nós comendo, pois é a base da sobrevivência humana. Então o que se passa neste intermédio entre a nutrição e o comer exagerado na medida que pode se transformar em danos para a saúde. Numa ingesta excessiva de gorduras e açúcares, obtemos os mais variados graus de diabetes e tantas outras alterações no organismo, sem esquecer a deformação do corpo que através da gordura ao longo do tempo vai alterar nossas silhuetas, a tal ponto de tornar-se o impeditivo para fazer contatos sociais. Mas, ao mesmo tempo os doces e salgadinhos tem o “efeito” do “Canto da Sereia” ele inebria e ludibria, dando a falsa sensação de plenitude e bem estar. Tal qual os marinheiros no mar e como diz a lenda, morriam enfeitiçados por representações femininas.

Ora, para ser saudável é preciso estar bem nutrido, então comer além de gostoso é necessário para ter saúde e aqui o contraditório, comer demais, também pode matar. Neste quesito nos embriagamos diante do gosto e da sensação boa que é comer. Sedemos aos apelos do embriagamento e do entorpecimento que o doce ou mesmo a delícia de um bom prato de massa, provocam. Não é difícil concluir que este “prazer entorpecido” causa dependência e se torna consequência nefasta, sendo que tudo que nos tornamos dependentes podem ter fins trágicos levando à morte. Buscamos a comida como forma de resolver problemas, amenizar a angustia, ansiedade, estresse, depressão, que ao ingerir doces ou outro alimento qualquer, traz a falsa sensação de alivio daquilo que estamos sentindo, impedindo a leitura das emoções vividas.

O difícil parece ser a distinção entre a fome real por alimentos e o que estamos vivenciando no campo dos sentimentos. Compensar a angustia, ansiedade, depressão com comida é se tornar dependente da mesma e não resolver as necessidades que ficaram sem respostas e embriagadas pelo torpor e o exagero de uma alimentação desequilibrada. Enquanto nosso aparelho digestivo está sobrecarregado e fazendo um esforço infindo para digerir a excesso de alimentos que, muitas vezes, foram engolidos, sem serem devidamente mastigados, nossa atenção está voltada para o estomago que não raro, doe pelo que foi consumido. Sendo assim, não precisamos nos ater ao mundo das emoções.

Fazer a distinção dos sentimentos vividos, requer tratamento, treino e não raro se ouve que são bobagens e perda de tempo dar importância aos afetos. No entanto, a angustia, acompanhada do aperto no peito, ansiedade, dificuldade para respirar e um enorme sentimento de vazio é “facilmente aliviada” com a ingesta de quilos de comida, proporcionando euforia e suposto bem estar.

Tudo que doe, a tendência é que fujamos da dor e muitas vezes é melhor “ignorar ou fugir” do que se deparar com o conteúdo que provoca o desconforto do homem no seu vazio existencial. A angustia, pode ser a sensação ou prenuncio do mal, ou mesmo, manifestar-se como lembranças que foram nefastas. De qualquer forma, esta emoção real ou imaginária, está a serviço de um mal presságio.

O mundo moderno com toda a tecnologia é capaz de provocar inúmeros estados de ansiedade. Uma TV na sala exige o mínimo de domínio no conhecimento sobre informática, pois as mesmas são pequenos computadores que se não dominarmos a técnica não saberemos atualizar qualquer desarranjo. Enfim estamos rodeados de situações capazes de provocar ansiedade, sendo a mesma considerada o mal do século, pois está presente em nossas vidas desde as questões mais elementares, até situações em que corremos riscos ou somos ameaçados, e diante da ameaça o nosso corpo reage para sanar o dano. Então que tal um bom chocolate para “resolver” o problema?

Desta forma, a distinção do que sentimos parece ser um direcionador capaz de ajudar na ingesta alimentar, na obesidade e na execução das “Dietas”. Sempre que sentimos algo e não ficar claro para nós, podemos desenvolver o hábito da compensação pela comida, como forma de aliviar a emoção que nós invade e faz sofrer. O hábito do comer, em excesso, traz “consolo e alívio” impedindo que se busque entender nossas emoções. A super compensação por comidas e doces tornando-se hábitos, irão dificultar o caminho do real motivo pela ingesta alimentar excessiva e o descontrole das emoções. E a ciranda sentir e substituir por comer em excesso estará em nossas respostas como forma de alivio ao estresse, frustrações, problemas do dia a dia e tantas dificuldades que nos assolam nos mais variados momentos.

Portanto, fazer dietas, uma boa nutrição, caminhadas ao ar livre, com certeza, irão ajudar a compor um quadro de equilíbrio numa alimentação que se encontra em desajuste, e que quando acompanhadas de um programa voltado ao conhecimento das emoções e sentimos, trarão a consciência a real necessidade e o manejo do que se passa num cenário de descontrole emocional que provoca a ingesta exagerada de alimentos.

São inúmeras as dietas oferecidas nas revistas, pelos amigos, em programas de TV. Não precisamos procurar muito para encontrar um arsenal capaz de prometer milagres, sem esquecer as cápsulas que prometem em trinta dias emagrecer e conseguir a tão almejada boa forma. As vezes nosso desejo é tão grande para perder alguns quilos, que enxugamos em tempo recorde o peso em excesso. Mas, o efeito sanfona aí está para comprovar que se a causa não for tratada, podemos emagrecer, mas o padrão alimentar inadequado que foi criado por nós, irá outra vez se apresentar.

Não somos contra as dietas, elas são muito importantes em todo o programa de reeducação alimentar, são caminhos de resolução e amparo em todos os distúrbios alimentares. A consulta a uma nutricionista irá direcionar e ajudar na busca de uma dieta programada com o fim de novos hábitos alimentares. Habitualmente são executadas de forma exclusiva e individual, ou seja, cada pessoa tem o seu próprio programa obedecendo suas características e necessidades, como o fim de alcançar as medidas de um corpo saudável e bem alimentado. Desta forma aprendendo novos hábitos alimentares e consequentes condutas sadias em relação ao consumo dos alimentos.

Em que pese ser importante não só a mudança nos hábitos alimentares, como também, a forma de lidar com as emoções. O conhecimento dos sentimentos vividos a cada momento e a busca pelo entendimento dos mesmos, proporciona lidar com a comida no intuito do comer para nutrir e não para empanzinar-se e drogar-se com o consumo excessivo e desnecessário.

Um bom trabalho psicoterápico leva ao conhecimento de crenças, pensamentos automáticos e distorcidos com consequentes hábitos e o mais importante o conhecimento das nossas histórias, o que foi vivido, sentido e interpretado de uma forma capaz de fazer com que aqui e agora estejamos reproduzindo situações que nos dirigem ao engano e ao consumo exagerado por alimentos.


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